Por Marcos Takanohashi*
No ano que se inicia, as operadoras precisarão dar atenção especial às implementações que o futuro exigirá e preparar-se para enfrentar os desafios tecnológicos da nova década. Nas redes de banda larga, em 2021 deverá ocorrer o desenvolvimento de cinco tendências principais, ocasionadas, principalmente, pelas mudanças impulsionadas pela pandemia no ambiente de trabalho e nas áreas educacional e de entretenimento, assim como pelo incremento dos investimentos em tecnologias de última geração.
Crescimento da demanda
Desde que se iniciou a pandemia e as pessoas se viram obrigadas a ficar em casa. Foi possível observar um aumento significativo no tráfego das redes de banda larga em nível global. O trabalho remoto, a educação virtual e os aplicativos representaram um desafio para as redes e para as operadoras, que implementaram soluções como a segmentação de nós para satisfazer essas novas demandas.
As operadoras com orçamentos maiores estão optando por arquiteturas de nova geração de bandas média e alta (middle-split e high-split), que serão de grande ajuda no momento de habilitar, mais à frente, os SLAs (Acordos de Nível de Serviço) gigabyte. Além disso, essas mudanças, somadas ao aumento da utilização de tecnologia de OFDMA (Múltiplo Acesso por Divisão em Frequências Ortogonais) e DOCSIS 3.1, estão melhorando a eficiência espectral e aumentando os níveis de QAM.
DOCSIS de baixa latência
O surgimento do DOCSIS de baixa latência está habilitando um novo ecossistema de aplicações e serviços que aproveitam latências tão baixas quanto 5-10 ms (e espera-se que no futuro sejam ainda mais baixas). Os games, em particular, geram um grande interesse no DOCSIS de baixa latência, porém veremos que se abrirá uma porta para mais serviços ao consumidor, como realidade aumentada e realidade virtual, e para áreas como negociações em bolsas de valores, tecnologia de ponta e backhaul celular.
Ao implementar uma latência constantemente baixa que oferece alto grau de confiabilidade e baixo nível de flutuação e variação de demora na entrega de pacotes, as operadoras poderão impulsionar uma nova geração de serviços críticos.
DOCSIS 4.0
Além disso, nos próximos anos as operadoras começarão a instalar conexões de frequência mais alta, enquanto se preparam para as migrações futuras para o DOCSIS 4.0 (D4.0). Embora a implantação completa dessa ferramenta ainda demore a chegar, atualmente estão sendo desenvolvidas atualizações por fases que nos conduzirão a D4.0 e representam passos importantes rumo ao 10G.
As inovações de DOCSIS serão relevantes para o futuro da tecnologia, e as operadoras deverão criar programas de planejamento com foco nessas soluções e em suas possíveis formas de uso.
Migração para DAA
O crescimento no uso de DAA (Arquitetura de Acesso Distribuído) tem sido visto em todo o mundo. Cada vez mais são feitos investimentos e implementações de operadoras líderes tanto em Remote PHY como em funções virtuais no CMTS. Em 2021, os sistemas de administração remota terão como base essas abordagens, ao mesmo tempo em que serão desenvolvidos os primeiros testes de laboratório e de campo para as arquiteturas MAC-PHY.
As arquiteturas de acesso distribuído aproveitam a tecnologia e os ambientes nativos na nuvem para acelerar o tempo de comercialização de vários serviços e funções virtuais, o que abre caminho para o aumento do grau de automatização das redes.
Com as DAA implementadas e os componentes virtualizados que permitem uma visibilidade de rede sem precedentes, tecnologias de inteligência artificial e abastecimento sem intervenção estarão cada vez mais próximas e tornarão mais fácil do que nunca operar e otimizar a rede.
PON
Algumas operadoras líderes estão considerando as redes ópticas passivas (PON) como outra via para chegar à banda larga de 10G. O fator principal para que muitas delas deem o salto para FTTH será o aproveitamento de seus investimentos em HFC e componentes passivos para expandir a capacidade ativa de software e de serviço, que podem oferecer velocidades mais altas.
Uma área promissora de desenvolvimento são os terminais de linha óptica remota (R-OLT), que permitem às operadoras levar a computação ao consumidor de borda. Esses módulos, quando implementados em redes HFC dentro dos nós de fibra existentes, permitem velocidades simétricas de vários gigas. A capacidade de aceitar 10G PON e atualizações profundas de fibra os converterá em uma opção atraente para as operadoras que procuram aproveitar de imediato as expansões do espectro de banda larga, além das arquiteturas de acesso virtualizado e distribuído, ao mesmo tempo em que reduzem os gastos operacionais.
Todos esses desenvolvimentos ajudarão as operadoras a escolher o caminho para a evolução da rede que melhor atenda seus objetivos e investimentos, ao mesmo tempo em que aceleram os programas de atualização em resposta a fatores de curto prazo, como a crise decorrente da pandemia. Essas atualizações estão acontecendo no contexto de três tendências de redes macro que identificamos no início de 2020: cobertura, eficácia e capacidade.
Preparados para o futuro da rede
A cobertura e a capacidade da rede estão se expandindo não apenas nas áreas metropolitanas, mas também nas regiões rurais. Esse investimento em infraestrutura prepara o cenário para novas aplicações e demandas, como as cidades inteligentes. Também se verifica um avanço na eficácia, já que as redes cabeadas e sem fio se sobrepõem e convergem. Assim, as operadoras poderão ver todas as extensões da sua rede como uma entidade única e coesa. Por último, a capacidade da rede continua sendo uma das principais prioridades, e as operadoras têm a necessidade de oferecer maior capacidade de banda larga a mais pontos finais.
É provável que essas tendências continuem não só ao longo de 2021, mas também nos anos seguintes, ampliando a capacidade das redes líderes à medida que as operadoras dão seus próximos passos rumo ao 10G, preparadas para enfrentar desafios inéditos.
*Marcos Takanohashi é vice-presidente de vendas da CommScope para a América Latina e Caribe
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