Na zona rural de Campos dos Goytacazes (RJ), no extremo norte do estado do Rio de Janeiro, está sendo implantada a primeira rede de internet comunitária do Brasil em fibra óptica. A localidade de Espírito Santinho, onde predomina a agropecuária, está fazendo história.
A rede comunitária já funciona em Espírito Santinho há três anos. O projeto de fibra óptica é financiado pela ISOC (Internet Society) e fruto de uma parceria do Instituto Bem-Estar Brasil (IBEBrasil) com o Instituto Federal Fluminense (IFF) e a associação de moradores local (AMORES). A solução encontrada para conectar a população local com o mundo foi o sinal via rádio, que chega através de antenas instaladas em morros e residências.
Nessa parceria, o IFF forneceu equipamentos – incluindo antenas e roteadores. O IBEBrasil entrou com a experiência na montagem de redes comunitárias, oferecendo capacitação e o suporte técnico inicial. Coube à Associação de Moradores de Espírito Santinho (Amores) mobilizar a população e explicar que seriam eles próprios os gestores da rede – que se mantém através de uma pequena contribuição mensal de cada usuário.
As condições geográficas da região, no entanto, eram uma barreira natural à expansão da rede e melhoria na qualidade do serviço. O fato de a localidade estar cercada de morros dificultava a irradiação do sinal a vários pontos – principalmente ao núcleo central, onde fica a maior concentração de residências. A fibra óptica veio como uma solução, pois resolve tanto o problema de acesso quanto o da qualidade do sinal.
Modelo de redes neutras
Nesta nova etapa, o modelo adotado foi similar ao de redes neutras, no qual uma estrutura de acesso à internet é compartilhada por mais de um operador. No caso de Espírito Santinho, um provedor local – a Essa Internet, que já atendia alguns clientes da região comercialmente – entrou como parceiro, ficando responsável pela implantação da fibra óptica na última milha. Coube ao provedor comunitário o papel de interconectar a rede com os usuários, além de assumir os custos de manutenção através de processo associativista.
– Este modelo reduz os custos operacionais do provedor parceiro e, em contrapartida, oferece vantagens ao usuário da rede comunitária, inclusive econômicas – explica o presidente do IBEBrasil, Marcelo Saldanha, que destaca outras vantagens da rede de internet comunitária. “Hoje, temos políticas de governo digital onde a maioria dos direitos e benefícios advêm da necessidade de ter acesso à internet. Além disso, a comunidade passa a ter ganhos com o acesso de qualidade, tendo acesso à educação, qualificação, a poder fazer negócios pela internet e muitas outras possibilidades”.
Vídeos do projeto no YouTube
https://youtu.be/IrPbnrUUvc8 (Com assessoria de imprensa)